Cidades Esponja 🫧♻️🌎
O que são e como funcionam
GESTÃO DA ÁGUACONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEISMUDANÇAS CLIMÁTICAS
@AGF_Ambiental
11/14/20246 min read


Cidades Esponja: Construções Sustentáveis e Resilientes as Mudanças Climáticas
A expansão da urbanização de forma desorganizada e os desafios climáticos estão impondo uma necessidade urgente de transformação das cidades em ambientes mais resilientes e sustentáveis.
Entre as abordagens mais promissoras, as cidades esponja que utilizam soluções baseadas na natureza para controlar a água da chuva e reduzir enchentes, é uma estratégia que vem ganhando espaço entre os arquitetos e urbanistas para promoção de infraestruturas urbanas mis sustentáveis e integradas ao ecossistema.
Cidades Esponja: O Que São e Como Funcionam?
As cidades esponja têm como objetivo transformar a forma como as cidades e construções lidam com as águas pluviais, criando espaços permeáveis que absorvem e retêm a água da chuva para evitar inundações. Este conceito inclui o uso de parques, telhados verdes, pavimentos permeáveis e áreas de vegetação que ajudam a manter o solo mais permeável, além de ajudar no controle do microclima, já que dá preferência a materiais que absorvem menos calor.
Na prática, isso reduz a pressão sobre sistemas de drenagem urbanos e diminui os riscos de alagamento e diminui os efeitos dos microclimas.
Como surgiu o conceito?
Após uma grave enchente que inundou cidades como Benjing causando a morte de quase 80 pessoas em 2012, a China passou a ser um dos países que mais investe neste conceito. O tema se tornou uma política pública nacional em 2013 na China e com o lançamento de um Programa Piloto de Cidades-Esponja em 2015, o conceito vem sendo aplicado em mais de 30 cidades por lá.
Um exemplo pioneiro deste conceito é o Parque Yanweizhou, inaugurado em 2014. O projeto idealizado pelo arquiteto paisagista de Pequim, Kongjian Yu, implementou técnicas inovadoras de retenção hídrica transformando áreas sujeitas a enchentes em espaços verdes e seguros para a comunidade. Este parque é considerado um modelo do conceito, e já foi amplamente premiado ao longo de sua existência, entre os prêmios recebidos estão:
ASLA Honor Award in General Design (2015) - da American Society of Landscape Architects, reconhecendo o projeto pela excelência em design geral;
World Landscape Architecture Award (2015) - destacando o parque como uma referência em arquitetura de paisagem, especialmente por sua capacidade de adaptação ao ambiente e integração com o ecossistema local;
International Federation of Landscape Architects (IFLA) Asia-Pac Landscape Award (2014) - reconhecendo a inovação no uso de recursos naturais para mitigar inundações e na promoção de acessibilidade;
Cultural Landscape Foundation (2023): como o vencedor do Prêmio Internacional de Arquitetura Paisagística Cornelia Hahn Oberlander.
Tecnologias e Inovações para Construções Sustentáveis
Para que o conceito de cidades esponja se torne uma realidade em mais cidades, diversas inovações estão sendo implementadas, em alguns eixos principais que são: Contenção da água, Redução da Velocidade da Água e Escoamento e Absorção, alguns exemplos de estratégias:
Materiais Permeáveis e Estruturas Verdes: Telhados e fachadas verdes, pavimentos que absorvem água e áreas de infiltração contribuem para o ciclo natural da água.
Infraestrutura Azul-Verde: A combinação de áreas verdes e cursos d'água urbanos para criar uma rede de drenagem natural.
Sistemas de Captação de Águas Pluviais: Cisternas e reservatórios acoplados a construções sustentáveis, que coletam e reutilizam a água da chuva para reduzir o consumo e aliviar o sistema público de drenagem (Revista Fapesp).
Veja abaixo as ilustrações e uma breve explicação sobre alguns dos elementos que podem ser incorporados às cidades mais resilientes:
Imagens: Alexandre Affonso/Revista Pesquisa FAPESP
Desafios e Oportunidades para o Brasil
Implementar cidades esponja no Brasil exige superar desafios financeiros, regulatórios e de planejamento urbano. A necessidade de regulamentação específica para áreas urbanas e o custo inicial de infraestrutura sustentável são barreiras para muitas cidades. No entanto, a aplicação de soluções como telhados verdes e pavimentos permeáveis já tem mostrado resultados promissores em cidades brasileiras, especialmente nas regiões mais afetadas por chuvas intensas.
Com novas regulamentações e certificações planejadas para 2025, o Brasil pode aproveitar o potencial das cidades esponja para aumentar a resiliência contra inundações e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. Abaixo alguns exemplos de cidades que estão realizando algumas ações práticas neste sentido:
São Paulo: Em 2021, o programa Ruas Verdes da Prefeitura instalou pavimentos permeáveis em alguns bairros, conseguindo reduzir até 20% da água escoada em áreas de risco de enchentes, segundo o relatório anual do município.
Curitiba: A cidade implementou telhados verdes em alguns prédios públicos. Segundo a Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, isso ajudou a reduzir a temperatura interna dos edifícios em até 4 °C e colaborou para a retenção de aproximadamente 70% das águas de chuva em períodos de maior precipitação.
Porto Alegre: Recentemente, áreas verdes foram integradas aos sistemas de drenagem em zonas de alta vulnerabilidade a enchentes, como o bairro Cristal. A prefeitura relatou uma queda de 15% na frequência de alagamentos durante os meses chuvosos após a implementação.
Conclusão
As cidades esponja representam uma inovação crucial para o futuro das construções sustentáveis e da resiliência urbana frente aos desafios impostos pelas Mudanças Climáticas. Mais do que uma tendência, estas inovações trazem uma mudança de paradigma ao incorporar o ciclo natural da água na infraestrutura urbana, promovendo uma convivência harmônica entre o ambiente construído e a natureza. Com o suporte de governos, setor privado e sociedade, essa abordagem poderá transformar cidades brasileiras em espaços mais saudáveis e seguros para todos.
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Referências:
Rede Juntos. Cidades esponja: inovação urbana sustentável. Disponível em: https://redejuntos.org.br/cidades-esponja-inovacao-urbana-sustentavel/ Rede Juntos.
National Geographic Brasil. O que é uma cidade esponja e como ela funciona para evitar enchentes. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2024/05/o-que-e-uma-cidade-esponja-e-como-ela-funciona-para-evitar-enchentes National Geographic.
Universidade do Porto. Cidades esponja e a gestão sustentável das águas pluviais nas áreas urbanas. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/124775/3/370849.pdf Universidade do Porto.
Revista Fapesp. Cidades esponja: a transformação das metrópoles. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2024/06/038-043_cidades-esponja_341.pdf
Parque Linear
Cinturão Verde construído ao longo de rios e córregos.
Alguns benefícios, controle de enchentes, recuperação de ecossistemas e integração com atividades de lazer.
Jardim de chuva
Depressão topográfica com inclusão de vegetação adaptada a ambientes propensos a alagamento.
Recebe água da chuva diminuindo a velocidade de escoamento e aumentando a permeabilidade de áreas construídas.
Canteiro Pluvial
Semelhante ao Jardim de Chuva, compactado para pequenos espaços com ou sem áreas de infiltração e/ ou vertedouro para escoar a água.
Biovaleta
Também semelhante ao Jerdim de Chuva, mas adaptado a outros elementos lineares como calçadas e avenidas. Normalmente direcionam a água para outros sistemas de contenção e retenção.
Lagoa Pluvial
Funciona como um piscinão, recebendo e retendo o escoamento superficial.
Tem o poder de recuperar a qualidade da água e pode ainda virar um local de lazer.
Teto verde
Áreas verdes em telhados e lajes.
Além de proporcionar a capacidade de absorção da água de chuva, ainda ajuda na eficiência energética das construções e atrai vida silvestre.
Piso Permeável
Promove a infiltração da água nas cidades com baixa permeabilidade. Trata-se da utilização de materiais drenantes em diversos locais que tradicionalmente utilizam materiais de baixa permeabilidade.